Existe uma cadeia logística complexa para permitir que você saque o seu dinheiro em um caixa eletrônico. Diversos procedimentos e medidas de segurança estruturam um processo muito bem-elaborado para que as notas circulem de forma segura e na quantidade certa.
O ciclo do numerário (ou seja, do dinheiro em espécie) está diretamente ligado a esse percurso constante da nossa moeda, pois é o período correspondente à vida útil das cédulas. Ou alguém achou que ele durasse para sempre?
Neste post, você vai conhecer alguns detalhes curiosos sobre essa trajetória e entender o que é preciso fazer para produzir, distribuir e destruir o dinheiro — quando ele não pode ser mais usado.
Ah! Você sabia que pode recusar uma nota danificada? Será que você pode ficar no prejuízo se isso acontecer com uma nota sua? Confira!
Como funciona o ciclo do dinheiro?
Vários itens de segurança são usados na produção das cédulas e moedas para evitar falsificações, como tinta especial, papel-moeda, marca d’água e alto-relevo, mas, conforme as notas são usadas, esses mecanismos perdem a eficiência, encerrando o ciclo do numerário. Esse é o principal motivo para substituição das cédulas comprometidas por outras novas.
Além disso, muitas delas rasgam ou são propositadamente inutilizadas e precisam ser substituídas, o que você já deve ter ouvido falar que é crime. Será? A gente pode dizer que sim, mas no sentido figurado.
Legalmente, não há muita concordância sobre isso. O que alguns especialistas dizem é que, como a cédula é um patrimônio público, estragá-la é crime, mas outros discordam disso e não dá para fechar questão sobre o tema.
De qualquer forma, a gente não precisa de uma lei para saber que não é legal estragar dinheiro. No final, quem paga somos nós, pois são os nossos impostos que são usados para emitir notas novas.
Como o dinheiro é colocado em circulação?
O dinheiro em espécie é muito importante na economia e é amplamente utilizado. segundo um estudo do Instituto Locomotiva, de 2019, cerca de 47 milhões de pessoas no país recebem seus salários em dinheiro. Boa parte delas usa as notas como principal meio para pagar suas contas — 71% da população.
Uma das razões dessa preferência é que andar com dinheiro na carteira facilita o controle de gastos para 77% dos brasileiros, segundo a mesma pesquisa. Isso gera necessidade de um grande volume de dinheiro vivo em circulação, uma operação elaborada para colocar as cédulas na rua e um monitoramento eficiente das cédulas que se encontram no final do ciclo do numerário.
A logística de distribuição segue normas rígidas de segurança e envolve os seguintes passos:
autorização de fabricação pelo Banco Central;
produção pela Casa da Moeda;
distribuição para 9 gerências regionais;
envio para tesourarias do Banco do Brasil;
distribuição para todo o país.
Contribuímos com orgulho nessa última etapa, pois a tecnologia, a estrutura e a experiência logística do Banco24Horas garantem que o dinheiro chegue em locais em que nenhum outro banco opera.
O que é alívio de numerário?
Mas e o processo inverso? De descarte do dinheiro? Será que funciona de um modo parecido? Podemos dizer que sim, mas em uma sequência inversa. Aliás, tecnicamente, esse procedimento é chamado de “logística reversa do processo” e conhecido como “alívio de numerário”, que encerra o ciclo do numerário.
Ninguém é obrigado a receber uma nota danificada, e qualquer um pode trocá-la em um banco. Contudo, o mais comum é que as próprias instituições se encarreguem disso quando recebem essas cédulas por meio de depósitos, por exemplo.
Elas depositam esse dinheiro no Banco do Brasil, que registra os dados de cada nota e envia as cédulas desgastadas para um departamento específico do Banco Central, o MECIR — Departamento de Meio Circulante.
Sediado no Rio de Janeiro, esse setor é responsável por receber esse dinheiro, registrar a quantidade exata e os dados das notas, e destruí-las. O valor correspondente é, então, creditado na conta da instituição que fez o depósito, o que, na prática, é a forma de substituir as cédulas descartadas por outras novas.
As notas são classificadas em 6 níveis de desgaste dentro do ciclo do numerário, desde quando são novas, até quando precisam ser inutilizadas. É de acordo com essa classificação que as notas são retiradas de circulação. Como as cédulas de menor valor circulam mais, sofrem mais desgastes e têm uma vida útil menor — cerca da metade do ciclo do dinheiro das notas de maior valor.
Qual a quantidade de dinheiro circulando no Brasil?
Você pode estar se perguntando: mas quanto dinheiro existe em circulação? Essa informação pode ser consultada no site do Banco Central e a cifra é expressiva. Para se ter uma ideia, em novembro de 2020, o Brasil tinha 8,3 bilhões de cédulas e quase 30 bilhões de moedas em circulação.
O total em valores ultrapassa os R$ 300 bilhões, e a nota mais comum é a de R$ 100. Entre as moedas, a mais presente é a de 10 centavos, com mais de 7 bilhões de unidades. Consegue imaginar a montanha de moedas que isso dá? Uma cena digna do cofre do Tio Patinhas.
Quando o governo pode emitir dinheiro?
Para autorizar a fabricação de moeda, o Banco Central considera critérios técnicos, como:
a demanda de uso do dinheiro, que você já sabe que é alta no Brasil;
a vida útil das notas em circulação;
e a manutenção do estoque adequado.
Simples, não é? Essa parte, ou seja, o processo regular de fabricação e manutenção do estoque necessário, é fácil de entender. No entanto, o governo também pode emitir moeda com o objetivo de injetar dinheiro na economia.
Existem vários motivos para que ele faça isso, inclusive o financiamento de suas dívidas, o que pode gerar inflação. Sobre isso, você pode conferir o infográfico deste post. Antes disso, o importante de saber é que a quantidade de notas e moedas que devem ser produzidas é definida anualmente pelo Banco Central (BC) com base em uma decisão do Conselho Monetário Nacional.
Aliás, o BC tem atuado bastante na disponibilização de soluções para o consumidor, como ocorre com o Pix e o open banking no Brasil. Vale a pena conhecer melhor essa instituição.
Como a impressão de dinheiro afeta a economia?
O dinheiro perde valor quando existe em quantidade maior que a necessária, gerando vários problemas. Entenda!
Emissão do título de dívida
O governo pode emitir títulos de dívida para captar recursos no mercado. É com base nessa emissão que, entre outras coisas, ele pode imprimir mais dinheiro.
Mudança no poder de compra
Quando o governo emite uma quantidade de dinheiro desproporcional à riqueza que o país produz, gera inflação, o que diminui o poder de compra do consumidor.
Alta na taxa de juros
Para tentar minimizar o problema, o governo aumenta a taxa de juros, com o objetivo de tirar dinheiro de circulação e conter a inflação.
Desvalorização da moeda
Outra consequência da inflação é a desvalorização da moeda, principalmente porque se torna menos atrativo investir no país, o que diminui o investimento estrangeiro.
Como é possível notar, a emissão de dinheiro pode gerar várias consequências em um efeito cascata. É por isso que cuidar da saúde monetária do país é tão importante.
Agora que você conhece os detalhes sobre o ciclo do numerário e que falamos rapidamente sobre a distribuição do dinheiro, sugerimos que se aprofunde sobre como as notas chegam em cada canto do Brasil.
Entender esse processo é mais do que conhecer sobre nossa moeda, pois se trata de um modelo de distribuição complexo e seguro. Muitos dos procedimentos podem ser adaptados para outras necessidades e setores.
Então, confira nosso post sobre logística de distribuição.