Mercado financeiro brasileiro avança no protagonismo da economia tokenizada

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25 de novembro 2024

Por Luiz Fernando Lopes, gerente executivo de produtos digitais na TecBan

No protagonismo global da economia tokenizada, o Brasil faz parte de um grupo robusto de 134 países que têm trabalhado na digitalização de suas moedas, o que representa 98% do mercado mundial.

Essa jornada não começou agora: em 2020, enquanto o Banco Central do Brasil formava o primeiro grupo de trabalho para se dedicar ao desenvolvimento do Real Digital, além de anunciar o Pix como uma nova forma de pagamento para facilitar as transferências, Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve System), afirmava que os Estados Unidos estavam longe de digitalizar o dólar.

Dois anos depois, enquanto o mercado brasileiro, junto com o Banco Central, testava soluções de privacidade para o desenvolvimento do Drex (Real Digital), Powell anunciava que os EUA começariam a estudar um possível projeto. Em 2024, a primeira fase do piloto do Drex no Brasil foi concluída, onde temas técnicos como privacidade de dados foi amplamente testada e discutida. A segunda fase iniciou com foco no negócio, testando soluções para a inserção de novos ativos tokenizados no mercado brasileiro, como no agronegócio, com a CPR-Verde (Cédula de Produto Rural-Verde) e o CRA-Verde (Certificados de Recebíveis do Agronegócio-Verde).

Traço essa lacônica cronologia, com uma rápida esbarrada na cena americana, a maior do mundo, para relembrar o avanço do Brasil na tokenização da economia e seu desempenho no ecossistema da tecnologia e inovação.

Para tangibilizar os aspectos mencionados, trago como exemplo a plataforma Nexchain, uma infraestrutura para economia tokenizada, que possibilita a integração das empresas do sistema financeiro às redes blockchain e permite a utilização de todas as transações financeiras, além de simular as previstas no Piloto do Drex, através de criação, emissão, resgate e/ou transferência de ativos digitais. As operações realizadas na rede podem ser liquidadas por meio dos sistemas de pagamentos já conhecidos, como o PIX, dentre outros.

A plataforma, criada pela TecBan, fornece a rede blockchain, que é utilizada pela empresa de pagamentos de benefícios Personal Card, primeiro caso de uso da solução. Na prática, funciona assim: a administradora de auxílios financeiros utiliza essa plataforma de infraestrutura para realizar o pagamento de benefícios escolares do município de São Paulo, que conta com mais de 600 mil pessoas favorecidas. O valor é disponibilizado aos estudantes da rede municipal em um aplicativo mobile para compra de material e uniformes escolares. Em operações como esta, todos os agentes ganham: a empresa que utiliza a plataforma e enxerga a redução de custos, o usuário do benefício que compra com agilidade e o emissor do auxílio financeiro, que tem visibilidade e rastreabilidade dos recursos criados – neste caso, para fins educacionais.

Diante de todo este cenário, notamos que a inovação permeia o mercado financeiro brasileiro, que mostra ao mundo o porquê é líder neste contexto na América Latina, e a tokenização está aí para provar isso. Temos um longo caminho pela frente, mas a forma como temos evoluído tem nos levado para um futuro de vanguarda deste mercado.